janeiro 18, 2010

BBB 10: Futilidade útil.

Eu cresci em uma família muito cabeça. Todo mundo era muito centrado, andar na linha sempre foi o que mais era cobrado de todo mundo. Geralmente pessoas que crescem nesse ambiente possuem a tendência de possuir uma cabeça fechada e minúscula, mas alguns fatos da minha vida fizeram com que eu pudesse escapar desse paradoxo.
Quando eu ainda estava no colegial, tive uma amiga. E nós duas éramos muito intimas. Confidentes, andávamos de mãos dadas, abraçadas, éramos unha e cutícula, como dizem as frescas, e eu nunca fui uma delas. Nunca fui fresca mesmo. Menina de interior, gostava de brincar de bola e não de boneca, de andar de calça e camisa, gostava de azul e sempre preferi o frajola ao invés do piu-piu. Por isso, apenas por isso, infernizaram a o meu último ano do fundamental. Me chamaram de macho, disseram que eu e minha amiga éramos lésbicas, enfim.. foi aquele alvorosso.
Na verdade mesmo eu nem me importei. Eu sabia o que eu era, sabia da minha opção sexual e isso não me fazia mal algum, mas aquilo me irritou por um único motivo: e se fosse verdade, e se eu realmente gostasse dela e ela de mim, que mal haveria nisso? Nós duas deixaríamos de ser humanas por isso? Não consigo entender porque o amor pode fazer tanto mal a sociedade. E desde quando existe amor certo e amor errado? O mundo tem a péssima mania de pintar pessoas como se elas não possuíssem seus próprios pinceis. No fundo, todos somos humanos, todos temos coração, desejos, expectativas e sonhos, seja com quem for. Em uma sociedade que julga e se diz tão igual, porque um simples abraço entre amigas causa tanto estigma?
Por isso achei de extrema importância e ousadia a seleção de participantes tão diversos nessa nova edição do Big Brother Brasil. A casa esse ano vai contar com dois gays, sendo um deles drag queen, uma lésbica e uma bissexual. Diferente das edições anteriores, onde sempre tinha alguém supostamente homossexual, mas que nunca se assumia (exceção ao Jean Wyllys), agora a coisa é extremamente escancarada. Os próprios participantes já se assumiram logo ao entrar na casa.
É claro que tudo que é polêmico e exótico vende, e a Globo sabe muito bem disso, mas quero acreditar que o BBB10, apesar dos pesares, está fazendo um serviço ao país, assim como aquele julgamento que me fizeram no colegial fez para a minha vida. A partir do momento que milhões acompanham as histórias de vida de pessoas tão diversas, no fundo há ali um exercício de compaixão e de esclarecimento. Quem sabe o BBB, esse programa que todo mundo adora criticar (mas que todo mundo assiste e comenta), não dá um belo up no Brasil?
Espero que essa edição possa deixar clara a idéia que, antes de sermos homo, hetero, bi ou o que seja, somos pessoas. Pessoas com sentimentos, emoções, e toda uma vida que deve e merece ser vivida, e bem vivida, independente de opção sexual. É isso!


V. Rodrigues



Gente, hoje eu estava muito filosófica, não?! :D
Bj bj, e até mais.

Um comentário:

Carol disse...

Amigaaaaaaaa!
acompanho sempre q posso todas suas postagens
e é isso aí! Viva os existencialistas e racionais ^^