abril 05, 2010

Das promessas e sonhos em vão.


Acabou. Essa foi a última palavra. Fim, término, não restou nada.. Só o silêncio, o tal silêncio que angustia muito mais que milhares de palavras. Silêncio que foi rompido com aquele: fica bem, tá? Bem.. O que seria ficar bem? Esquecer todos os planos, sonhos, planos, promessas? Entender que foi tudo em vão? Não, eu não ficaria bem. Corri para o litoral. Lá era o único lugar capaz de curar aquela dor. Acordei no meio da viagem com essa tempestade de pensamentos em minha cabeça. Olhei pela janela do ônibus e vi que o céu estava lindo. Foi estranho pra mim ver que tudo lá fora estava normal, perceber que o tempo não parou pra que eu pudesse me recompor. Abri a janela. Aquele vento tocou meu rosto com tanta leveza que meu coração ficou pesado, com aquele peso que a gente sente quando sabe que ele está cheio de feridas que não cicatrizam. Aquele vento que tocava meu rosto me lembrando que o tempo ia com ele, e que eu continuava ali, parada, sofrida, machucada. De repente aquela lembrança me vem à cabeça. Noite de céu estrelado, nós sentados em um banco de praça, a lua a nos vigiar, e aquela frase, primeira frase, “eu te amo”. Amar.. Como aquele verbo tão lindo, tão glorificado, tão falado e sonhado poderia doer tanto, e tanto, e tanto? Quantas dúvidas.. E o vento tocando o meu rosto. Olhei para o lado e percebi que ali estava uma menininha, 14 anos acho, e ela contemplava uma foto de um garoto. De repente beijou-a e apertou-a contra o coração. “Irmão?”, perguntei. “Namorado”, respondeu. Sorri, e senti vontade de falar pra ela que aquilo não valeria a pena, que ela acabaria só, triste e ferida como eu, que no fim tudo desabaria, que nada seria como planejavam. Me contive. Não possuía o direito de acabar com a felicidade de outra pessoa, tão jovem. Ela merecia curar suas próprias cicatrizes. Tornei a olhar o céu. Daquele local dava pra avistar bem a lua. Ela estava linda, aquele tipo de dia que ela chega a ficar amarelada, perfeita. Uma lágrima rolou pelo meu rosto, e aquele nó fechou a minha garganta. “Será que ele está vendo ela?”, pensei com os olhos cintilando de carinho. “Não”, respondeu minha razão grosseiramente. Me veio a cabeça aquela ultima frase: fica bem, ta? Não, eu não estava bem, mas sabia que algum dia ia ficar. Aquilo também iria passar.

V. Rodrigues

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