abril 29, 2010

Nostalgia

 Hoje resolvi virar os ponteiros do relógio ao contrário e voltar ao passado. Fiz algo que costumo chamar de "operação faxina". Revirei pelo avesso fotos, cartas, e em meio a uma tonelada de lembranças descobri que minha memória não anda tão falha quanto imaginava. Me assustei com tanta tranqueira, mas no meio dessa "tranqueira" encontrei pedaços de mim que haviam se perdido no tempo. Quem nunca guardou algo para lembrar do que foi vivido? Uma carta, uma foto, um ingresso de um show insquecível com uma pessoa inesquecível, talvez?
O ruim é que objetos não substituem pessoas, muito menos trazem quem gostamos para perto de nós. Eles servem somente para nos confortar. Podem também sufocar o esquecimento, mas nunca aliviará a saudade. É como li esses dias em um e-mail que comparava a vida a um vagão de trem: a cada estação pessoas vem e vão.. algumas estão com você, mas não no mesmo vagão; outras sentam-se no mesmo vagão que você, mas nem estão com você mesmo. Outras ainda desembarcam e você poderá nunca mais vê-las..  Na verdade pessoas que amamos sempre desembarcam, mas em compensação embarcam pessoas que mudam a rota da nossa viagem, tornando-se também especiais. Embarques e desembarques são inevitáveis, a razão deles ninguém sabe. Apenas acontecem, nos convidando (muitas vezes sem querer) ao recomeço.
É, nunca gostei muito de fazer faxina. Mas é bom fazer faxina as vezes: faxina na alma, e do que queremos não nos lembrar mais. E se for pra guardar algo, que seja apenas na memória, para lembrarmos dos bons momentos e deixarmos que eles invadam nosso coração e tragam boas marcas. As ruins? Ah, deixe que se percam no tempo, até o ponto de objetos que nos lembrem deles se tornem tralhas insignificantes em nosso guarda-roupas.


Lillian Alessandra (com adaptações)

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