maio 24, 2010

Fogo e Gelo


"Vá dormir, Jacob", Edward murmurou. "Você está começando a me deixar nervoso".
"Eu acho que eu vou. Eu estou muito confortável".
Edward não respondeu.
Eu estava apagada demais pra pedir que eles parassem de falam de mim como se eu não estivesse lá. A conversa havia tomado características de sonho pra mim, e eu não tinha certeza de que realmente estava acordada.
"Bem, você vê dentro da minha cabeça - me deixe ver dentro da sua hoje, é o justo". Jacob disse.
"A sua cabeça está cheia de perguntas. Qual você quer que eu responda?" - houve uma pausa. "S
im, eu acho que ela pensa em você com frequência", Edward murmurou em resposta aos pensamentos de Jacob. "Com mais frequência do que eu gosto. Ela se preocupa que você esteja infeliz. Não que você não saiba disso. Não que você não use isso".
"Eu tenho que usar qualquer coisa que eu puder", Jacob murmurou. "Eu não estou trabalhando com as suas vantagens - vantagens como saber que ela está apaixonada por você".
Jacob estava desafiador. "Ela está apaixonada por mim também, sabe".
Edward não respondeu.
Jacob suspirou. "Mas ela
não sabe ainda".
"Eu não sei dizer se você está certo".
"Isso incomoda você? Você queria ver o que ela está pensando também?"
"Sim... e não. Ela prefere que seja assim, e, apesar de que isso as vezes me deixa louco, eu prefiro que ela fique feliz".
O vento soprou na tenda, estremecendo como se fosse um terremoto. Os braços de Jacob me apertaram protetoramente.
"Obrigado", Edward sussurrou. "Mesmo que isso pareça estranho, eu estou feliz que você esteja aqui, Jacob".
"Você quer dizer 'mesmo que eu fosse adorar matar você, eu estou feliz que ela esteja aquecida', certo?"
"É uma trégua desconfortável, não é?" - eles silenciaram por um instante. Jacob falou primeiro. "Então... em que ponto você resolveu bancar o cara bonzinho e paciente?"
"Quando eu ví o quanto estava machucando ela ter que decidir. Isso geralmente não é tão difícil de controlar. Eu posso amortecer os... sentimentos menos civilizados que eu possa ter por você muito mais facilmente na maior parte do tempo. As vezes eu acho que ela vê através de mim, mas eu não posso ter certeza".
"Eu acho que você só está preocupado que se você realmente a forçasse a escolher, ela podia não te escolher".
Edward não respondeu imediatamente. "Isso é uma parte", ele admitiu finalmente.
"O que você faria se ela mudasse de idéia?", Jacob perguntou.
"Eu também não sei isso".
Jacob gargalhou baixinho. "Você tentaria me matar?" Sarcástico de novo, como se estivesse duvidando da capacidade de Edward de fazer isso.
"Não".
"Porque não?" o tom de Jacob ainda estava zombador.
"Você realmente acha que eu magoaria ela desse jeito?"
"Você sabe exatamente o quanto eu odeio aceitar isso", Jacob sussurrou lentamente, "mas eu posso ver que você ama ela... da sua maneira. Eu não posso mais discutir com isso. Você ama ela o suficiente pra ver as vantagens do plano. Ela acha que você é muito altruísta... você é mesmo? Será que você pode considerar a idéia de que eu sou melhor pra ela do que você?"
"Eu
tenho considerado isso", Edward respondeu rapidamente, "Mas eu não sou estúpido o suficiente pra cometer o mesmo erro que eu cometí antes, Jacob. Eu não vou tentar ela a seguir a primeira opção de novo. Enquanto ela me quiser, eu estou aqui".
"E se ela decidisse que me queria?", Jacob desafiou. "Tudo bem, é difícil, eu te concedo isso".
"Eu a deixaria ir".
"Simplesmente assim?"
"No sentido de que eu jamais mostraria a ela o quão difícil isso seria pra mim, sim. Mas eu continuaria observando ela. Veja, Jacob,
você pode deixar ela algum dia. Eu estaria sempre esperando na reserva, esperando que isso acontecesse".
Jacob bufou baixinho. "Bem, você foi muito mais honesto do que eu tinha o direito de esperar... Edward. Obrigado por me deixar entrar em sua cabeça".
"Como eu disse, eu estou me sentindo estranhamente grato por sua presença na vida dela essa noite. Isso era o mínimo que eu podia fazer... Sabe, Jacob, se não fosse pelo fato de sermos inimigos naturais e de que você também está tentando roubar a razão da minha existência, eu até podia gostar de você".
"Talvez... se você não fosse um vampiro nojento que está planejando sulgar a vida da garota que eu amo... bem, não, nem mesmo assim".
Edward gargalhou.
"E quando essa pequena trégua acaba?", Jacob perguntou. "Logo pela manhã? Ou queremos esperar até depois que a luta acabar?"
Eles dois pausaram enquanto consideravam.
"Logo pela manhã", eles sussurraram juntos, e depois riram baixinho.
"Durma bem, Jacob", Edward murmurou. "Aproveite o momento".
Tudo ficou silencioso de novo, e a tenda ficou quieta por alguns minutos. O vento parecia ter decidido que, afinal, não ia nos aplainar, e estava desistindo de lutar.
Edward gemeu suavemente. "Eu não estava falando tão literalmente".
"Desculpe", Jacob sussurrou.
"Não me tente demais, lobo. A minha paciencia não é perfeita assim".
Jacob sussurrou uma risada. "Eu preferiria não me mover agora, se você não se importa".
Edward começou cantar pra sí mesmo, mais alto do que o normal - tentando ignorar os pensamentos de Jacob, eu presumí. Mas era a minha canção de ninar que ele estava cantando, e, apesar do meu crescente disconforto com esse sonho sussurrado, eu mergulhei mais fundo na inconsciencia... em outros sonhos que faziam mais sentido.

Eclipse, cap. 22 [Trecho extraído e adaptado]

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