Sempre chega a hora da solidão. Sempre chega a hora de arrumar o armário. Sempre chega a hora do poeta a plêiade. Sempre chega a hora em que o camelo tem sede. O tempo passa e engraxa a gastura do sapato, na pressa a gente não nota que a lua muda de formato. Pessoas passam por mim pra pegar o metrô, confundo a vida ser um longa-metragem: o diretor segue seu destino de cortar as cenas, e o velho vai ficando fraco, esvaziando os frascos, e já não vai mais ao cinema. Tudo passa e eu ainda ando pensando em você... Penso quando você partiu, assim, sem olhar pra trás. Como um navio que vai ao longe, e já nem se lembra do cais. Os carros na minha frente vão indo e eu nunca sei pra onde. Será que é lá que você se esconde? Tudo passa e eu ainda ando pensando em você... A idade aponta na falha dos cabelos, outro mês aponta na folha do calendário. As senhoras vão trocando o vestuário, as meninas viram a página do diário. O tempo faz tudo valer a pena, e nem o erro é desperdício! Tudo cresce e o início deixa de ser início e vai chegando ao meio, aí começo a pensar que nada tem fim... Tudo passa e eu ainda fico pensando em você!
O avesso dos ponteiros - Ana Carolina
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