Meu caro Pequeno Príncipe,
hoje já nem sei ao certo se você ainda é pequeno.. Tanto tempo se passou desde a ultima vez em que te vi, que hoje temo estar escrevendo pra um desconhecido. Sim, Pequeno, a verdade é que quando as pessoas crescem, elas vão se tornando desconhecidas para nós. Isso tudo do tempo que passa é um saco, porque como tudo que é doce na vida, a gente não quer que a infância vá embora nunca, mas ela se vai, e a minha se foi.
Hoje já não desenho mais jiboias, nem caixas para carneiros. Chorei ontem a noite quando percebi que já não mais desenho, meu Pequeno, e senti falta de ti, do teu risinho engraçado, do teu cabelo cor de ouro, do teu rosto angelical, das tuas perguntas sem fim. Acho que cresci, Pequeno, e estou começando a agir como agem as pessoas grandes, e isso me assusta.
Sei que deves andar muito ocupado com a tua roseira, mas se lhe sobrasse algum tempo, gostaria de saber se você não poderia aparecer por aqui, nem que fosse pra dar um ‘oi’. Seria bom saber que você ainda continua pequeno, e doce, e mágico. Seria bom ter um pouco da sua mágica em mim.
Agora já sabes. Caso passe por aí alguma estrela destinada à Terra, pega com ela uma carona e vem me dizer que eu ainda sou capaz de desenhar flores em um quintal de uma casa de telhado triangular.
Com afeto e saudade,
Valéria Cristina
Sim, hoje não assino como V. Rodrigues. Assino como assinava quando era menininha, na esperança de que um pouco daquela mágica possa ser recuperada com essas palavras.
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