março 25, 2011

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A vida não andava fácil, e em grande parte por culpa dela. O tal nó na garganta tinha se tornado amigo íntimo, daqueles que partilham todo segundo do dia. Aquele dia, em especial, estava pesado demais. Tentava chorar, mas as lágrimas não vinham. Ou talvez fossem tantas que acabavam entalando no caminho pequeno pra saída. Estava cansada. Cansada de carregar a armadura do 'tá tudo bem, tá tudo legal.' Ela estava com medo. Ela estava assustada. Ela queria respirar, mas a respiração não vinha. Estava foda. E então veio aquela palavra, como que divina, como se viesse do céu, como que um sinal de que ainda dava pra dá um jeito: "é bom ter você por perto". E então ela chorou, enfim chorou. Chorou feito um bebê que quer colo - na verdade ela queria mesmo colo, - feito alguém que perdeu algo muito precioso, feito alguém que se perde. De si. Exorcizou. Dizia sempre que lágrima costumava lavar a alma de tudo quanto era coisa negra, mas a sujeira estava muito grande. Não deu pra limpar de uma vez só. Infelizmente, o peso ainda continuou. A vida real esperava do outro lado da porta, e ela (a vida real) estava sendo bem cruel, mas agora ela tinha uma arma restaurada: a fé.
E esperou. Esperou por dias melhores. E esperarei, até que eles cheguem.
V. Rodrigues
(Dedico a Mayla Lima,
o portal que Ele usou hoje pra falar comigo.
Obrigada amiga.)

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