março 05, 2011

Espera.

Um coração partido, uma maquiagem borrada e uma caneca de chá. Isso foi tudo que sobrou daquela noite fria de verão. Tudo que ela queria era que o tempo passasse, pra que ela pudesse logo se ver livre daquilo tudo, de todo aquele peso, de tudo aquilo que lhe travava a garganta. Mas o tempo era vilão, e se arrastava. 

Tentou dormir, mas não foi muito útil. Pensou em ligar e dizer pra ele que sabia de tudo, mas lhe faltou coragem e força pra manter a voz firme. Queria vencer. Queria ser gloriosa e fazê-lo sofrer. Ele merecia sofrer. Mas a verdade é que não iria, porque ela era fraca demais para isso. Então esperou.

Quando viu já não era mais noite, o nó na garganta já havia desatado e a vontade de vencer já havia se esgotado. Acalentou o coração, limpou o que sobrou da maquiagem, preparou mais chá - quentinho, pra espantar a solidão. Deitou-se como anjo que deita-se em redoma. Dormiu profundo, como criança cansada de tanta travessura. Soube esperar, e porque soube esperar, percebeu que o tempo passou. E se você quer saber, ela venceu. Ela venceu..
V. Rodrigues

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