maio 08, 2011

Dry Martini

Já estava quase de saída quando a vi entrar. Vestido preto, cabelo liso, rosto doce. Ela era bonita, e eu resolvi ficar. Me aproximei do bar, porque é lá que as coisa realmente acontecem. Dry Martini, foi o que ela pediu. E eu achei ela tão interessante..

Tinha um jeito diferente de se portar. Postura reta, ombros alinhados. Modelo? Não, ela parecia algo mais.. sério? Tinha no olhar um brilho diferente.. Como alguém que esconde algo mais profundo, algo que seduz, que chama, que ameaça e provoca, mas que - acima de tudo - encanta. Segurou a taça com uma delicadeza que só alguém acostumado com aquilo tudo poderia ter. Virou de costas, apoiou-se no bar, e - tipicamente - pôs a azeitona na boca. Olhou pros lados, e tomou um gole. Esperando alguém? Um amigo, um namorado.. Ou estaria sozinha ali, sozinha como eu, procurando por alguma companhia?

Tudo era simples. Cinco passos e eu teria as minhas respostas. Profissão, idade, estado cívil. Mas algo nela me dizia que não era aquilo que eu iria querer. Paguei meu wisk e fui embora. Deusa ou pagã, anjo ou demônio, não saberei. Sei que ela era bonita, e que ficou em mim. Muito mais do que o sabor de um beijo, ou o cheiro de uma pele. Ficou em mim o mistério de tudo que ela poderia ser.  Quiz o mistério, e com o mistério fiquei. Além, é claro, de saber que ela gosta de Dry Martini. Ah, as mulheres! Sempre com bom gosto.
V. Rodrigues

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